O Livro de Urântia
Documento 1
O Pai Universal
(21.1) 1:0.1 O PAI Universal é o Deus de toda a criação, é a Primeira Fonte e Centro de todas as coisas e todos os seres. Pensai em Deus primeiro como um criador, depois como um controlador e finalmente como um sustentador infinito. A verdade sobre o Pai Universal teve o seu alvorecer, para a humanidade, quando o profeta disse: “Apenas Vós sois Deus, não há ninguém além de Vós. Criastes os céus e o céu dos céus com todas as suas hostes; e Vós os preservais e os controlais. Pelos Filhos de Deus, os universos foram feitos. O Criador cobre-Se da luz como se fosse uma veste e estende os céus como uma cortina”. Somente o conceito do Pai Universal — um Deus único, no lugar de muitos deuses — capacitou o homem mortal a compreender o Pai como um criador divino e um controlador infinito.
(21.2) 1:0.2 As miríades de sistemas planetários foram todas criadas para serem afinal habitadas por vários tipos diferentes de criaturas inteligentes, seres que poderiam conhecer a Deus, receber a afeição divina e amá-Lo em retribuição. O universo dos universos é obra de Deus e morada das Suas diversas criaturas. “Deus criou os céus e formou a Terra; e não foi em vão que Ele estabeleceu o universo e criou este mundo; Ele o formou, para que fosse habitado”.
(21.3) 1:0.3 Todos os mundos esclarecidos reconhecem e adoram o Pai Universal, o elaborador eterno e sustentador infinito de toda a criação. As criaturas de vontade, de universo em universo, embarcaram na jornada imensamente longa até o Paraíso, a luta fascinante da aventura eterna de alcançar Deus, o Pai. A meta transcendente dos filhos do tempo é ir ao encontro do Deus eterno, é compreender a Sua natureza divina e reconhecer o Pai Universal. As criaturas sabedoras de Deus têm uma única ambição suprema, um só desejo ardente, que é o de tornar-se, nas suas próprias esferas, perfeitos como Ele é Perfeito na Sua perfeição de personalidade no Paraíso e na Sua esfera universal de supremacia na retidão. Do Pai Universal que habita a eternidade, emanou o supremo mandado: “Sede perfeitos, assim como Eu sou perfeito”. Em amor e misericórdia, os mensageiros do Paraíso levaram essa exortação divina, através dos tempos e em todos os universos, até mesmo às criaturas inferiores de origem animal, tais como as raças humanas de Urântia.
(22.1) 1:0.4 Esse mandado, magnífico e universal, de esforçar-se para atingir a perfeição da divindade, é o primeiro dever e deveria ser a mais alta ambição de todas as criaturas que batalham nessa criação do Deus da perfeição. A possibilidade de atingir a perfeição divina é o destino certo e final de todos os homens, no eterno progresso espiritual.
(22.2) 1:0.5 Os mortais de Urântia dificilmente podem esperar ser perfeitos, no sentido infinito, mas, para os seres humanos, partindo como o fazem, deste planeta, é inteiramente possível alcançar a meta superna e divina que o Deus infinito estabeleceu para o homem mortal; e, quando atingirem esse destino, em tudo o que diz respeito à auto-realização e ao alcance da mente, eles estarão tão repletos, na sua esfera de perfeição divina, quanto o próprio Deus o é, no seu âmbito de infinitude e eternidade. Tal perfeição pode não ser universal, no sentido material, nem ilimitada, em alcance intelectual, nem final, enquanto experiência espiritual, mas ela é final e completa, sob todos os aspectos finitos, em divindade, vontade, perfeição de motivação da personalidade e consciência de Deus.
(22.3) 1:0.6 O verdadeiro significado do mandamento divino é este: “Sede perfeitos, assim como Eu sou perfeito”; é o que impulsiona constantemente o homem mortal a ir adiante e o atrai para o interior de si próprio, na sua labuta longa e fascinante para alcançar níveis cada vez mais elevados de valores espirituais e de significados verdadeiros do universo. Essa busca sublime, pelo Deus dos universos, é a aventura suprema dos habitantes de todos os mundos do tempo e do espaço.
(22.4) 1:1.1 De todos os nomes pelos quais Deus, o Pai, é conhecido nos universos, aqueles que O designam como a Primeira Fonte e Centro do Universo são os mais freqüentemente encontrados. O Pai Primeiro é conhecido por vários nomes, em universos diferentes e nos diversos setores de um mesmo universo. Os nomes por meio dos quais a criatura designa o Criador dependem, em grande parte, do conceito que a criatura tem do Criador. A Primeira Fonte e Centro do Universo nunca revelou a Si própria por um nome, apenas pela Sua natureza. Se acreditamos que somos filhos deste Criador, afinal, torna-se natural que o chamemos de Pai. Mas essa denominação vem da nossa própria escolha, e advém do reconhecimento da nossa relação pessoal com a Primeira Fonte e Centro.
(22.5) 1:1.2 O Pai Universal nunca impõe qualquer forma de reconhecimento arbitrário, de adoração formal, ou de serviço escravizador às criaturas inteligentes e dotadas de vontade dos universos. Os habitantes evolucionários dos mundos do tempo e do espaço, por si mesmos, devem — nos seus corações — reconhecer, amar e voluntariamente adorá-Lo. O Criador recusa-Se a exercer coação de submissão sobre os livres-arbítrios espirituais das suas criaturas materiais. A dedicação afetuosa da vontade humana, de fazer a vontade do Pai, é a dádiva mais bem escolhida que o homem pode oferecer a Deus; de fato, uma consagração assim da sua vontade de criatura constitui a única dádiva possível de valor verdadeiro, do homem, ao Pai do Paraíso. Em Deus, o homem vive, move-se e tem o seu ser; não há nada que o homem possa dar a Deus, a não ser a escolha de ater-se à vontade do Pai; e uma decisão como essa, efetivada pelas criaturas volitivas inteligentes dos universos, na realidade, constitui a verdadeira adoração, que satisfaz muito plenamente ao Pai Criador, em cuja natureza o amor é preponderante.
(22.6) 1:1.3 Quando realmente vos houverdes tornado conscientes de Deus, após descobrirdes verdadeiramente a majestade do Criador e houverdes experimentado e compreendido a presença do controlador divino, que em vós reside, então, segundo o vosso esclarecimento e de acordo com a maneira e o método pelo qual os Filhos divinos revelam Deus, vós encontrareis um nome para o Pai Universal que expresse adequadamente o vosso conceito da Primeira Grande Fonte e Centro. E assim, em mundos diferentes e em vários universos, o Criador torna-se conhecido por inúmeros nomes; e todos significam a mesma coisa, pelo sentido do relacionamento dos filhos com Ele; em palavras e símbolos, todavia, cada nome representa um grau, uma profundidade da Sua entronização nos corações das Suas criaturas de um determinado reino.
(23.1) 1:1.4 Perto do centro do universo dos universos, o Pai Universal é em geral conhecido por nomes que podem ser considerados como significando Primeira Fonte. Mais além, nos universos do espaço, os termos empregados para designar o Pai Universal significam, com mais freqüência, o Centro Universal. E, mais além ainda, nesta criação estelar, como na sede-central do vosso universo local, Ele é conhecido como a Primeira Fonte Criadora e Centro Divino. Numa constelação próxima, Deus é chamado de Pai dos Universos. Em outra, de Sustentador Infinito e, mais para leste, de Controlador Divino. Ele tem sido designado também por Pai das Luzes, Dom da Vida e Todo-Poderoso Único.
(23.2) 1:1.5 Nos mundos em que um Filho do Paraíso viveu uma vida de auto-outorga ou de doação de si próprio, Deus geralmente é conhecido por algum nome que indica um relacionamento pessoal, de alguma afeição terna ou devoção paternal. Na sede da vossa constelação, todos se referem a Deus como o Pai Universal; e, nos diversos planetas do vosso sistema local de mundos habitados, Ele é alternadamente conhecido como Pai dos Pais, Pai do Paraíso, Pai de Havona e Pai Espírito. Aqueles que conhecem Deus, por meio das revelações feitas pelos Filhos do Paraíso, durante as outorgas de si próprios aos mundos, sempre cedem ao apelo sentimental da relação tocante que advém da associação entre a Criatura e o Criador, e se referem a Deus como o “Nosso Pai”.
(23.3) 1:1.6 Num planeta de criaturas sexuadas, em um mundo em que os impulsos da emoção parental são inerentes aos corações dos seus seres inteligentes, o termo Pai torna-se um nome muito expressivo e apropriado para o Deus Eterno. Ele é mais bem conhecido, mais universalmente reconhecido no vosso planeta, Urântia, pelo nome de Deus. O nome que Lhe é dado é de pouca importância; o que é significativo é conhecê-Lo e aspirar a ser como Ele. Os vossos profetas de outrora verdadeiramente chamavam-No de “Deus eterno” e referiam-se a Ele como “Aquele que habita a eternidade”.
(23.4) 1:2.1 Deus é a realidade primordial no mundo do espírito; Deus é a fonte da verdade nas esferas da mente; Deus abriga, com a sua sombra, todas as partes dos reinos materiais. Para todas as inteligências criadas, Deus é uma personalidade e, para o universo dos universos, Ele é a Primeira Fonte e Centro da realidade eterna. Deus não se assemelha ao homem, nem à máquina. O Primeiro Pai é espírito universal, eterna verdade, realidade infinita e personalidade paterna.
(23.5) 1:2.2 O Deus eterno é infinitamente mais do que a realidade idealizada ou o universo personalizado. Deus não é simplesmente o supremo desejo do homem, a busca mortal transformada em realidade objetiva. Tampouco Deus é um mero conceito, o poder-potencial da retidão. O Pai Universal não é um sinônimo para a natureza, nem é a lei natural personificada. Deus é uma realidade transcendente, não é meramente um conceito tradicional que o homem tenha dos valores supremos. Deus não é uma focalização psicológica de significados espirituais, nem é a “criação mais nobre do homem”. Na mente dos homens, Deus pode ser qualquer desses conceitos e todos eles; no entanto, Ele é mais. É uma pessoa salvadora e um Pai cheio de amor, para todos aqueles que desfrutam da paz espiritual na Terra, e que anseiam por experimentar a sobrevivência da personalidade após a morte.
(24.1) 1:2.3 A realidade da existência de Deus é demonstrada, na experiência humana, pela presença divina que reside dentro do homem, o Monitor espiritual, enviado do Paraíso para viver na mente mortal do homem e para assisti-lo na evolução da sua alma imortal e na sobrevivência eterna. A presença desse Ajustador divino, na mente humana, faz-se conhecer por três fenômenos experienciais:
(24.2) 1:2.4 1. A capacidade intelectual para conhecer a Deus — a consciência de Deus.(24.3) 1:2.5 2. O impulso espiritual de encontrar Deus — a busca de Deus.(24.4) 1:2.6 3. O anseio da personalidade de ser como Deus — o desejo, de todo o coração, de fazer a vontade do Pai.
(24.5) 1:2.7 A existência de Deus não pode jamais ser comprovada pela experiência científica, nem pela razão pura em uma dedução lógica. Deus só pode ser compreendido no âmbito da experiência humana; contudo, o verdadeiro conceito da realidade de Deus é razoável para a lógica, plausível para a filosofia, essencial para a religião e indispensável a qualquer esperança de sobrevivência da personalidade.
(24.6) 1:2.8 Aqueles que são sabedores de Deus experimentaram o fato da Sua presença; tais mortais sabedores de Deus têm, na própria experiência pessoal, a única prova positiva da existência do Deus vivo que um ser humano pode oferecer a outro. A existência de Deus encontra-se muito além de qualquer possibilidade de demonstração, a não ser pelo contato entre a consciência que a mente humana tem de Deus e a presença de Deus, no Ajustador do Pensamento, que reside no intelecto mortal e que é outorgada ao homem, como dádiva graciosa do Pai Universal.
(24.7) 1:2.9 Em teoria, vós podeis pensar em Deus como o Criador, pois Ele é o criador pessoal do Paraíso e do universo central da perfeição; mas os universos do tempo e do espaço foram todos criados e organizados pelo corpo do Paraíso de Filhos Criadores. O Pai Universal não é o criador pessoal do universo local de Nébadon; o universo, no qual vós viveis, é criação do Seu Filho Michael. Ainda que o Pai não haja pessoalmente criado os universos evolucionários, Ele os controla, por meio de muitas das suas relações universais e por meio de algumas das suas manifestações de energias físicas, mentais e espirituais. Deus, o Pai, é o Criador pessoal do universo do Paraíso e, em associação com o Filho Eterno, é o Criador de todos os outros criadores pessoais de universos.
(24.8) 1:2.10 Como controladora física, no universo dos universos materiais, a Primeira Fonte e Centro funciona nos moldes originais da Ilha Eterna do Paraíso e, por meio desse centro absoluto de gravidade, o Deus eterno exerce o supercontrole cósmico do nível físico, igualmente no universo central e em todo o universo dos universos. Enquanto mente, Deus atua por meio da Deidade do Espírito Infinito; como espírito, Deus manifesta-se na pessoa do Filho Eterno e nas pessoas dos filhos divinos do Filho Eterno. Essa inter-relação da Primeira Fonte e Centro, com as Pessoas e com os Absolutos coordenados do Paraíso, em nada exclui a ação pessoal direta do Pai Universal, em toda a criação e em todos os seus níveis. Por meio da presença do Seu espírito fragmentado, o Pai Criador mantém um contato direto com os Seus filhos criaturas e com os Seus universos criados.
(25.1) 1:3.1 “Deus é espírito”. Ele é uma presença espiritual universal. O Pai Universal é uma realidade espiritual infinita; Ele é “o soberano eterno, imortal, invisível; e o único Deus verdadeiro”. Ainda que sejais a “progênie de Deus”, não deveis pensar que o Pai seja como vós, na forma e no aspecto físico, porque foi dito que fostes criados “à sua imagem” — no entanto, sois resididos pelos Monitores Misteriosos vindos da morada central, da Sua eterna Presença. Os seres espirituais são reais, apesar de invisíveis aos olhos humanos; mesmo não sendo de carne e osso.
(25.2) 1:3.2 Disse o vidente de outrora: “Ei-Lo aqui, Ele passa a meu lado e não O vejo; Ele me ultrapassa, mas não O percebo”. Podemos observar constantemente as obras de Deus, podemos ser extremamente conscientes das evidências materiais da Sua conduta majestosa, mas raramente podemos contemplar a manifestação visível da Sua divindade, nem mesmo ver a presença do espírito que Ele delegou para residir no homem.
(25.3) 1:3.3 O Pai Universal não é invisível porque esteja escondendo-Se das criaturas inferiores, que têm apenas capacidades materiais reduzidas e dons espirituais limitados. A situação antes é: “Vós não podeis ver a Minha face, porque nenhum mortal pode ver-Me e viver”. Nenhum homem material pode contemplar o Deus espírito e preservar a sua existência mortal. É impossível aos grupos mais baixos de seres espirituais, e a qualquer ordem de personalidades materiais, aproximarem-se da glória e do brilho espiritual da presença da personalidade divina. A luminosidade espiritual da presença pessoal do Pai é uma “luz da qual nenhum homem mortal pode aproximar-se; que nenhuma criatura mortal tenha visto ou possa ver”. Mas não é necessário ver Deus, com os olhos da carne, para discerni-Lo pela visão da fé da mente espiritualizada.
(25.4) 1:3.4 A natureza espiritual do Pai Universal é compartilhada plenamente com o Seu eu coexistente, o Filho Eterno do Paraíso. Ambos, o Pai e o Filho, da mesma maneira, compartilham o espírito eterno e universal, plena e irrestritamente, com a Sua personalidade conjunta coordenada, o Espírito Infinito. O espírito de Deus é, em Si e por Si próprio, absoluto; no Filho, é inqualificável; no Espírito, é universal; e, em todos e por meio de todos Eles, é infinito.
(25.5) 1:3.5 Deus é um espírito universal; Deus é a pessoa universal. A realidade pessoal suprema da criação finita é espírito; a realidade última do cosmo pessoal é espírito absonito. Apenas os níveis da infinitude são absolutos; e apenas em tais níveis existe unicidade de finalidade entre matéria, mente e espírito.
(25.6) 1:3.6 Nos universos, Deus, o Pai, é, em potencial, o supracontrolador da matéria, da mente e do espírito. Somente por meio do imenso circuito da Sua personalidade é que Deus lida diretamente com as personalidades da Sua vasta criação de criaturas volitivas; no entanto, (fora do Paraíso) Ele é contatável apenas nas presenças das Suas entidades fragmentadas: a vontade de Deus na vastidão dos universos. Esse espírito do Paraíso, que reside na mente dos mortais do tempo e que impulsiona a evolução, na criatura sobrevivente, de uma alma imortal, é da mesma natureza e divindade que o Pai Universal. No entanto, como as mentes dessas criaturas evolucionárias originam-se nos universos locais, elas devem alcançar a perfeição divina, realizando as transformações experienciais, de alcance e de realização espiritual, que são um resultado inevitável da escolha da criatura de fazer a vontade do Pai nos Céus.
(26.1) 1:3.7 Na experiência interior do homem, a mente encontra-se vinculada à matéria. E as mentes, vinculadas assim à matéria, não podem sobreviver ao perecimento mortal. Abraçar a técnica de sobrevivência é fazer as transformações na mente mortal e os ajustamentos da vontade humana, por meio dos quais tal intelecto, consciente de Deus, deixa-se gradualmente ensinar pelo espírito e, finalmente, deixa-se guiar por ele. Essa evolução da mente humana, a partir da associação material, até a união com o espírito, resulta na transmutação das fases, potencialmente espirituais, da mente mortal, nas realidades moronciais da alma imortal. A mente mortal se for subserviente à matéria, está destinada a tornar-se cada vez mais material e, conseqüentemente, a sofrer uma extinção final da personalidade; a mente entregue ao espírito está destinada a tornar-se cada vez mais espiritual e, finalmente, a realizar a unificação com o espírito divino, que é sobrevivente e que é o guia para, desse modo, conseguir-se a sobrevivência e a eternidade de existência da personalidade.
(26.2) 1:3.8 Eu procedo do Eterno e tenho, repetidamente, retornado à presença do Pai Universal. Sei da realidade e da personalidade da Primeira Fonte e Centro, o Pai Eterno e Universal. Conquanto o grande Deus seja absoluto, eterno e infinito, eu sei que Ele também é bom, divino e pleno de graças. Sei da verdade das grandes declarações: “Deus é espírito” e “Deus é amor”; e esses dois atributos foram revelados e estão revelados ao universo, da forma mais completa, pelo Filho Eterno.
(26.3) 1:4.1 A infinitude da perfeição de Deus é tal que faz Dele um mistério eterno. O maior de todos os mistérios insondáveis de Deus é o fenômeno da residência divina nas mentes mortais. A maneira pela qual o Pai Universal convive com as criaturas do tempo é o mais profundo de todos os mistérios do universo; a presença divina na mente do homem é o mistério dos mistérios.
(26.4) 1:4.2 Os corpos físicos dos mortais são “templos de Deus”. Não obstante os Filhos Criadores Soberanos aproximarem-se das criaturas dos seus mundos habitados e “atraírem a si todos os homens”, e embora “estejam junto à porta” da consciência “e batam” e alegrem-se de entrar em todos aqueles que “abrirem as portas dos seus corações”; conquanto exista uma comunhão íntima entre os Filhos Criadores e as suas criaturas mortais, no entanto, os homens mortais têm algo do próprio Deus a residir, de fato, dentro deles e assim, pois, os seus corpos são templos Dele.
(26.5) 1:4.3 Quando houverdes terminado neste mundo, e a vossa carreira na sua forma temporária terrena estiver concluída; quando a vossa viagem de provações na carne estiver finda, e o pó que compõe o tabernáculo mortal “retornar à terra de onde veio”; então, e isso está revelado, o residente “Espírito retornará a Deus, que o outorgou”. Dentro de cada ser mortal deste planeta reside um fragmento de Deus, uma parte do todo da divindade. Esse fragmento ainda não é vosso por direito de posse, mas o desígnio intencional dele é unificar-se convosco, se sobreviverdes após a vossa existência mortal.
(26.6) 1:4.4 Confrontamo-nos constantemente com esse mistério de Deus; e ficamos perplexos com o desenvolvimento crescente do panorama infindável da verdade da Sua infinita bondade, da Sua inesgotável misericórdia, da Sua incomparável sabedoria e do Seu caráter supremo.
(26.7) 1:4.5 O mistério divino consiste na inerente diferença que existe entre o finito e o infinito, o temporal e o eterno, a criatura tempo-espacial e o Criador Universal, o material e o espiritual, a imperfeição do homem e a perfeição da Deidade do Paraíso. Infalivelmente, o Deus do amor universal manifesta-Se a cada uma das Suas criaturas, até a plenitude da capacidade da criatura de apreender espiritualmente as qualidades da verdade, da beleza e da bondade divinas.
(27.1) 1:4.6 Para todo ser espiritual e para todas as criaturas mortais, em todas as esferas e em todos os mundos, no universo dos universos, o Pai Universal revela tudo do Seu ser divino e pleno de graças, tudo o que pode ser discernido ou compreendido por aqueles seres espirituais e pelas criaturas mortais. Deus não tem preferência por pessoas, espirituais ou materiais. A divina presença, da qual qualquer filho do universo desfruta, em qualquer momento, é limitada apenas pela capacidade que tal criatura tem de receber e discernir as realidades espirituais do mundo supramaterial.
(27.2) 1:4.7 Como uma realidade na experiência espiritual humana, Deus não é um mistério. Quando, porém, para as mentes físicas da ordem material, é feita uma tentativa de tornar claras as realidades do mundo espiritual, surgem mistérios: mistérios tão sutis e tão profundos que apenas o entendimento pela fé, nos mortais sabedores de Deus, pode realizar o milagre filosófico do reconhecimento do Infinito pelo finito, o discernimento do Deus eterno, por parte dos mortais em evolução, nos mundos materiais do tempo e espaço.
(27.3) 1:5.1 Não permitais que a magnitude e a infinitude de Deus obscureçam ou eclipsem a vossa visão da personalidade Dele. “Ele, que planejou o ouvido, não escutará? Ele, que formou o olho, não verá?” O Pai Universal é o auge da personalidade divina; Ele é a origem e o destino da personalidade, em toda a criação. Deus é tanto infinito, quanto pessoal; Ele é uma personalidade infinita. O Pai é verdadeiramente uma personalidade; se bem que a infinitude da Sua pessoa coloque-O sempre para além da compreensão plena dos seres materiais e finitos.
(27.4) 1:5.2 Deus é muito mais do que uma personalidade, do modo como a personalidade é entendida pela mente humana; Ele é mais ainda do que qualquer conceito possível de uma superpersonalidade. Contudo, é totalmente inútil discutir um conceito tão incompreensível como o da personalidade divina com as mentes das criaturas materiais, para quem o máximo, em matéria de entendimento da realidade do ser, consiste na idéia e no ideal de personalidade. O mais elevado conceito que a criatura material possui do Criador Universal está englobado nos ideais espirituais de uma idéia elevada, que ela pode ter da personalidade divina. Portanto, se bem que possais saber que a personalidade de Deus deve ser mais do que pode alcançar uma concepção humana de personalidade, igualmente, bem sabeis que o Pai Universal não pode, certamente, ser nada menos do que uma personalidade eterna, infinita, verdadeira, boa e bela.
(27.5) 1:5.3 Deus não se está escondendo de nenhuma das suas criaturas. Ele é inabordável, para tantas ordens de seres, apenas porque ele “reside em uma luz da qual nenhuma criatura material pode aproximar-se”. A imensidão e a grandeza da personalidade divina estão muito além do entendimento da mente imperfeita dos mortais evolucionários. Ele “mede as águas no oco das suas mãos, avalia um universo com a palma da sua mão. É Ele quem se assenta no círculo da Terra, que estende os céus como uma cortina e que a abre, como um universo, para morar”. “Levantai alto os vossos olhos e contemplai Aquele que criou todas as coisas, que traz os Seus mundos contados e os chama a todos pelos seus nomes”; e também é verdade que “as coisas invisíveis de Deus apenas parcialmente são compreendidas pelas coisas que foram criadas”. Hoje em dia, e no estágio em que estais, deveis discernir o Criador invisível por meio das Suas diversas e múltiplas criações, bem como por intermédio da revelação e da ministração dos Seus Filhos e dos inúmeros subordinados destes.
(28.1) 1:5.4 Ainda que os mortais materiais não possam ver a pessoa de Deus, eles deveriam regozijar-se com a certeza de que Ele é uma pessoa; pela fé deveriam aceitar a verdade que afirma que o Pai Universal amou tanto o mundo, que proporcionou o crescimento espiritual eterno dos seus mais humildes habitantes; que Ele “Se regozija com os Seus filhos”. Deus não carece de nenhum dos atributos supra-humanos e divinos que constituem uma personalidade Criadora perfeita, eterna, plena de amor e infinita.
(28.2) 1:5.5 Nas criações locais (com exceção do pessoal dos superuniversos) Deus não tem manifestações pessoais ou residenciais, além dos Filhos Criadores do Paraíso, que são os pais dos mundos habitados e os soberanos dos universos locais. Se a fé da criatura fosse perfeita, ela saberia com segurança que, quando houvesse visto um Filho Criador, ela teria visto o Pai Universal; ao procurar pelo Pai, ela não deveria pedir nem esperar ver nada além do Filho. O homem mortal simplesmente não pode ver Deus; não antes de atingir a completa transformação espiritual e, de fato, não antes de alcançar o Paraíso.
(28.3) 1:5.6 As naturezas dos Filhos Criadores do Paraíso não abrangem todos os potenciais irrestritos, ou inqualificáveis, da absolutez universal da natureza infinita da Primeira Fonte e Centro; mas o Pai Universal está, sob todos os pontos de vista, divinamente presente nos Filhos Criadores. O Pai e os seus Filhos são Um. Esses Filhos do Paraíso, da ordem de Michael, são personalidades perfeitas, modelos originais, mesmo, de todas as personalidades do universo, desde a do Brilhante Estrela Matutino até a das criaturas humanas mais primárias, provenientes da evolução animal progressiva.
(28.4) 1:5.7 Sem Deus, e não fora pela Sua excelsa pessoa central, não haveria nenhuma personalidade em todo o vasto universo dos universos. Deus é personalidade.
(28.5) 1:5.8 Não obstante Deus ser um poder eterno, uma presença majestosa, um ideal transcendente, um espírito glorioso; embora Ele seja tudo isso e infinitamente mais, ainda assim, Ele é, verdadeiramente e para sempre, uma personalidade perfeita de Criador, uma pessoa que pode “conhecer e ser conhecida”, que pode “amar e ser amada”, e que pode demonstrar amizade por nós; e assim vós podeis ser reconhecidos, como outros seres humanos o foram, como amigos de Deus. Ele é um espírito real e uma realidade espiritual.
(28.6) 1:5.9 Por vermos o Pai Universal revelando-Se em todo o Seu universo; por discerni-Lo residindo no interior das Suas miríades de criaturas; por contemplá-Lo nas pessoas dos Seus Filhos Soberanos; por continuarmos a sentir a Sua divina presença aqui e ali, mais perto ou longe, não duvidemos nem questionemos a primazia da Sua personalidade. Não obstante todas as vastas distribuições de Si próprio, Ele permanece sendo uma pessoa verdadeira e mantém eternamente uma conexão pessoal com as hostes incontáveis das Suas criaturas espalhadas nos universos dos universos.
(28.7) 1:5.10 A idéia da personalidade aplicada ao Pai Universal é o conceito ampliado e o mais verdadeiro de Deus que chegou à humanidade, sobretudo por meio da revelação. A razão, a sabedoria e a experiência religiosa, todas inferem e indicam a personalidade de Deus; no entanto, não a tornam atestada. Até mesmo o Ajustador do Pensamento residente é pré-pessoal. A verdade, e a maturidade, de qualquer religião é diretamente proporcional ao conceito que faz da personalidade infinita de Deus e à compreensão que tem da unidade absoluta de Deus. A idéia de uma Deidade pessoal transforma-se, portanto, na medida da maturidade religiosa, desde que a religião tenha antes formulado o conceito da unidade de Deus.
(29.1) 1:5.11 A religião primitiva possuía muitos deuses pessoais, e eles eram moldados à imagem do homem. A revelação afirma e confirma a validade do conceito da personalidade de Deus; a qual não passa de uma mera possibilidade, segundo o postulado científico, de uma Causa Primeira, e, apenas provisoriamente, é sugerida na idéia filosófica da Unidade Universal. Apenas por meio da idéia da personalidade qualquer pessoa pode começar a compreender a unidade de Deus. Negar a personalidade da Primeira Fonte e Centro deixa-nos diante de uma escolha limitada a dois dilemas filosóficos: o materialismo e o panteísmo.
(29.2) 1:5.12 Para a contemplação da Deidade, o conceito da personalidade deve ser desprovido da idéia de corporalidade. Um corpo material não é indispensável à personalidade, seja no homem, seja em Deus. Esse engano, o da corporeidade, é mostrado nos dois extremos da filosofia humana. No materialismo, quando perde o seu corpo com a morte, o homem cessa de existir como personalidade; no panteísmo, desde que não tenha nenhum corpo, Deus não pode ser, portanto, uma pessoa. O tipo de personalidade progressiva supra-humana funciona em uma união de mente e espírito.
(29.3) 1:5.13 A personalidade não é simplesmente um atributo de Deus; antes representa a totalidade da natureza infinita coordenada e da vontade divina unificada, as quais são exibidas na eternidade e universalidade da sua expressão perfeita. A personalidade, em seu sentido supremo, é a revelação de Deus ao universo dos universos.
(29.4) 1:5.14 Deus, sendo eterno, universal, absoluto e infinito, não pode ter o Seu conhecimento nem a Sua sabedoria aumentados. Deus não adquire experiência, como o homem finito poderia conjecturar ou entender; no entanto, Ele desfruta, dentro do âmbito da Sua própria personalidade eterna, de contínuas expansões de auto-realização, as quais, de um certo modo, podem ser comparáveis e análogas à aquisição de novas experiências conforme são feitas pelas criaturas finitas dos mundos evolucionários.
(29.5) 1:5.15 A perfeição absoluta do Deus infinito levá-Lo-ia a sofrer limitações terríveis, pelo irrestrito da sua finalidade de perfeição, não fosse pelo fato de que o Pai Universal participe diretamente da luta da personalidade de cada alma imperfeita, no universo amplo, que está buscando com a ajuda divina ascender aos mundos celestes espiritualmente perfeitos. Essa experiência progressiva de cada ser espiritual e de cada criatura mortal, em todo o universo dos universos, é uma parcela da consciência-da-Deidade, sempre em expansão, do Pai, no divino círculo sem fim da auto-realização incessante.
(29.6) 1:5.16 É literalmente verdade que: “Com todas as vossas aflições Ele aflige-Se”. “Em todos os vossos triunfos, Ele triunfa em vós e convosco”. O Seu espírito divino pré-pessoal é uma parte real de vós. A Ilha do Paraíso responde a todas as metamorfoses físicas do universo dos universos; o Filho Eterno inclui todos os impulsos espirituais de toda a criação; o Agente Conjunto abrange toda a expressão mental do cosmo em expansão. O Pai Universal tem, em plena consciência divina, toda a experiência individual das lutas progressivas das mentes em expansão e dos espíritos em ascensão, de cada entidade, ser e personalidade em toda a criação evolucionária do tempo e do espaço. E tudo isso é absolutamente verdadeiro, pois “Nele todos nós vivemos, nos movemos e temos nosso ser”.
(29.7) 1:6.1 A personalidade humana é uma imagem, uma sombra tempo-espacial projetada pela personalidade Criadora divina. E nenhum fato pode jamais ser adequadamente compreendido por um exame da sua sombra. As sombras devem ser interpretadas em termos da substância verdadeira.
(30.1) 1:6.2 Deus é uma causa para a ciência; uma idéia para a filosofia; e para a religião é uma pessoa ou mesmo o Pai celeste, cheio de amor. Para o cientista, Deus é uma força primordial; para o filósofo, uma hipótese de unidade; para o religioso, uma experiência espiritual viva. O conceito inadequado que o homem tem, da personalidade do Pai Universal, pode ser aperfeiçoado apenas pelo próprio progresso espiritual do homem no universo; e tornar-se-á verdadeiramente adequado apenas quando os peregrinos do tempo e do espaço finalmente alcançarem o abraço divino do Deus vivo no Paraíso.
(30.2) 1:6.3 Nunca percais de vista os aspectos antípodas da personalidade: como concebida por Deus e como vista pelo homem. O homem vê e compreende a personalidade, olhando do finito para o infinito; Deus olha do infinito para o finito. O homem possui o tipo mais baixo de personalidade; Deus, o mais elevado, supremo mesmo, último e absoluto. Portanto, os melhores conceitos da personalidade divina tiveram de esperar pacientemente o surgimento de idéias mais evoluídas da personalidade humana; especialmente por meio de uma revelação mais acentuada tanto da personalidade humana, como da personalidade divina, feita na vida de doação que Michael levou em Urântia, uma vida de auto-outorga de si próprio, como Filho Criador.
(30.3) 1:6.4 O espírito divino pré-pessoal, que reside na mente mortal, traz, com a sua simples presença, uma prova válida da sua existência factual; mas o conceito da personalidade divina pode ser alcançado apenas pelo discernimento interno espiritual, na experiência religiosa genuína. Qualquer pessoa, humana ou divina, pode ser conhecida e compreendida independentemente das reações exteriores ou da presença material dessa pessoa.
(30.4) 1:6.5 Uma certa afinidade moral e harmonia espiritual são essenciais à amizade entre duas pessoas; uma personalidade amorosa dificilmente pode revelar-se a uma pessoa incapaz de amar. Da mesma forma, para aprimorar o conhecimento de uma personalidade divina, todos os dons da personalidade do homem devem consagrar-se inteiramente a tal esforço; a devoção parcial, com a metade do coração, não será de nenhuma valia.
(30.5) 1:6.6 Quanto mais completamente o homem compreender a si próprio e apreciar os valores da personalidade nos seus semelhantes, tanto mais ansiará para conhecer a Personalidade Original e, mais honestamente, tal ser humano sabedor de Deus lutará para ser como a Personalidade Original. Baseados em opiniões, vós podeis discutir sobre Deus; a experiência com Ele e Nele, contudo, está acima e além de qualquer controvérsia humana e da mera lógica intelectual. O homem sabedor de Deus descreve as suas experiências espirituais, não para convencer os descrentes, mas para a edificação e a satisfação mútua dos que acreditam.
(30.6) 1:6.7 Assumir que o universo possa ser conhecido, que é inteligível, significa assumir que o universo foi feito pela mente e que é administrado pela personalidade. Apenas a mente do homem pode perceber o fenômeno mental de outras mentes, sejam humanas ou supra-humanas. Se a personalidade do homem pode experienciar o universo, então há uma mente divina e uma personalidade real ocultas em algum lugar neste universo.
(30.7) 1:6.8 Deus é espírito — personalidade espiritual — ; o homem também é um espírito — uma personalidade espiritual potencial. Jesus de Nazaré atingiu a realização plena do potencial da personalidade espiritual, na experiência humana; conseqüentemente a sua realização, em vida, da vontade do Pai, torna-se a revelação mais real e ideal da personalidade de Deus. Ainda que a personalidade do Pai Universal possa ser apreendida apenas por meio de uma experiência religiosa factual, na vida terrena de Jesus, somos inspirados pela demonstração perfeita dessa realização e da revelação da personalidade de Deus, em uma experiência verdadeiramente humana.
(31.1) 1:7.1 Quando Jesus falou do “Deus vivo”, ele referiu-se a uma Deidade pessoal — o Pai do Céu. O conceito da personalidade da Deidade facilita a amizade; favorece a adoração inteligente; promove uma confiança arejada. As interações podem dar-se entre coisas não pessoais, mas não a amizade. A relação de amizade entre o pai e o filho, tanto quanto entre Deus e o homem, não pode ser desfrutada, a menos que ambos sejam pessoas. Somente as personalidades podem comungar uma com a outra, embora essa comunhão pessoal possa ser imensamente facilitada pela presença de uma entidade tão impessoal quanto o Ajustador do Pensamento.
(31.2) 1:7.2 O homem consegue a união com Deus, mas não como uma gota de água poderia encontrar a unidade com o oceano. O homem consegue a união divina por meio de uma comunhão recíproca espiritual progressiva, pelo relacionamento da personalidade com o Deus pessoal, ao atingir, de um modo crescente, a natureza divina, por meio de uma conformidade inteligente, buscada com todo o seu coração, à vontade divina. Uma relação tão sublime só pode existir entre personalidades.
(31.3) 1:7.3 O conceito da verdade poderia ser, certamente, mantido à parte da personalidade; o conceito da beleza pode existir sem a personalidade; mas o conceito da bondade divina só é compreensível em relação à personalidade. Somente uma pessoa pode amar e ser amada. E até mesmo a beleza e a verdade não teriam esperança de sobrevivência se não fossem atributos de um Deus pessoal, de um Pai repleto de amor.
(31.4) 1:7.4 Não podemos entender inteiramente como Deus pode ser primordial, imutável, Todo-Poderoso e perfeito e, ao mesmo tempo, estar cercado por um universo sempre em mutação e aparentemente limitado por leis, um universo em evolução, de imperfeições relativas. Contudo, podemos conhecer tal verdade, na nossa própria experiência pessoal, posto que mantenhamos, todos, a identidade da personalidade e a unidade da vontade, a despeito das mudanças constantes, não apenas em nós próprios, mas também no nosso ambiente.
(31.5) 1:7.5 A realidade última do universo não pode ser captada pela matemática, nem pela lógica, nem pela filosofia; apenas a experiência pessoal pode captá-la em conformidade progressiva com a vontade divina de um Deus pessoal. Nem a ciência, nem a filosofia, nem a teologia podem atestar a personalidade de Deus. Apenas a experiência pessoal dos filhos pela fé do Pai Celeste pode tornar efetiva a compreensão espiritual da personalidade de Deus.
(31.6) 1:7.6 Os conceitos mais elevados de personalidade, no universo, implicam: identidade, autoconsciência, vontade própria e possibilidade de auto-revelação. E essas características implicam, ainda, uma comunhão de amizade com personalidades outras, iguais e diferentes, tal como existe nas associações das personalidades das Deidades do Paraíso. E a unidade absoluta dessas associações é tão perfeita que a divindade torna-se conhecida pela indivisibilidade e pela unidade. “O Senhor Deus é Um”. A indivisibilidade da personalidade não interfere na dádiva, feita por Deus, do Seu espírito, para que viva nos corações dos homens mortais. A indivisibilidade da personalidade de um pai humano não impede que ele reproduza filhos e filhas mortais.
(31.7) 1:7.7 Esse conceito de indivisibilidade, associado ao conceito de unidade, resulta na transcendência, tanto do tempo quanto do espaço, feita pela Ultimidade da Deidade; portanto, nem o espaço nem o tempo podem ser absolutos, nem infinitos. A Primeira Fonte e Centro é a infinitude, que transcende, de modo inqualificável, a toda mente, a toda matéria e a todo espírito.
(31.8) 1:7.8 A existência da Trindade do Paraíso é um fato que não viola, de forma alguma, a verdade da unidade divina. As três personalidades da Deidade do Paraíso são unas, em todas as suas reações à realidade do universo e em todas relações com as criaturas. E a existência dessas três pessoas eternas tampouco viola a verdade da indivisibilidade da Deidade. Eu estou plenamente cônscio de que não disponho de nenhum idioma adequado para deixar claro, para a mente mortal, como essas questões do universo mostram-se para nós. Mas vós não deveis desencorajar-vos; nem todas essas coisas estão totalmente claras, mesmo para as altas personalidades pertencentes ao meu grupo de seres do Paraíso. Tende sempre em mente que as verdades profundas, a respeito da Deidade, irão clareando-se cada vez mais à medida que as vossas mentes, progressivamente, tornarem-se mais espiritualizadas, durante as sucessivas épocas da longa ascensão mortal, até o Paraíso.
(32.1) 1:7.9 [Apresentado por um Conselheiro Divino, membro de um grupo de personalidades celestes, designado pelos Anciães dos Dias, em Uversa, sede do governo do sétimo superuniverso, para supervisionar os trechos seguintes, desta revelação vindoura, que têm a ver com os assuntos de além das fronteiras do universo local de Nébadon. Eu fui incumbido de responder pelos documentos que descrevem a natureza e os atributos de Deus, porque eu represento a mais alta fonte de informação disponível para tal propósito, em qualquer mundo habitado. Tenho servido como Conselheiro Divino, em todos os sete superuniversos, e por muito tempo residi no centro de todas as coisas, no Paraíso. Muitas vezes tenho eu desfrutado do prazer supremo de uma estada na presença direta do Pai Universal. Eu retrato a realidade e a verdade da natureza e dos atributos do Pai, com autoridade indiscutível; eu conheço aquilo de que falo.]
http://www.urantia.org/pt/o-livro-de-urantia/documento-1-o-pai-universal