domingo, 6 de janeiro de 2013

O QUE É MITOLOGIA


O QUE É MITOLOGIA

O termo mitologia pode referir-se tanto ao estudo quanto ao conjunto de mitos. Coloquialmente mito muitas vezes refere-se a uma história falsa, mas na verdade o termo é bem mais complexo que isso.

Um fato incontestável é que em quase todas as mitologias mundiais, seus mitos estão intimimamente atrelados a religiões, ou pelo menos a uma determinada religião. O advento do cristianismo no processo de auto afirmação e propagação, estabeleceu, divulgou e rotulou as antigas religiões como pagãs, alegando que os antigos deuses inexistiam, ou seja, eram puro "Mito". Historicamente pode-se estabelecer nesse advento a origem do termo mitologia, ou pelo menos da significação atual da palavra mito como "falsa história".
Em tempos modernos cresce cada vez mais o número de pessoas que voltam suas crenças aos antigos 'mitos', trazendo de volta o culto aos antigos deuses. Essas "modernas religiõe antigas" são taxadas como neo-paganistas [novo-paganismo], já que se baseiam nas antigas religiões que do 'ponto de vista cristão' seriam pagãs.

Uma lenda ou história se torna mito quando as pessoas, na totalidade ou em grupos grandes e numericamente sugestivos, acreditam, ou em determinada época acreditaram, que aquilo realmente aconteceu. Via de regra, mitologia tem origens arcaicas nas antigas civilizações ou nos primórdios das civilizações atuais, mas o fenômeno que gerou essas mitologias ainda ocorre nas civilizações modernas através das lendas urbanas.
Ao se pensar em mitologia automaticamente o pensamento remete-se a antiga Grécia, naturalmente, não é a toa que a grécia é considerada como o berço das civilizações. Em segundo lugar pensa-se logo nas mitologias nórdica e egípcia. Esses conjuntos de mitos são com certeza os mais difundidos e conhecidos ao redor do mundo, mas na verdade pode-se dizer que todas as civilizações tem sua própria mitologia, de forma que não seria um absurdo, por exemplo, falar-se em mitologia brasileira. Um pouco mais dificil talvez seria separar o que é folclore de mitologia, ou estabelecer uma linha divisória entre esses dois conceitos, já que ambos se referem aos mitos e crenças de um determinado povo ou época, ou mais ainda, que o folclore de uma determinada região ou país também faz parte de sua mitologia, mas enquanto folclore é aceito ou descrito simplesmente como crenças populares e lendas de conhecimento geral, mitologia é um termo mais complexo e profundo.
Algumas religiões neo-paganistas misturam duas ou mais mitologias, acreditando que determinado deus ou entidade de uma mitologia esteja presente também em outra mitologia, com nomes diferentes. Essa confusão talvez tenha sido gerada pela idéia cristã de que "Deus é um só", mas é fato incontestável que existem muitos pontos em comuns ou semelhantes entre as várias mitologias e antigas religiões. O próprio cristianismo apropriou-se de muitos mitos e conceitos da antiguidade, adaptando-os aos seus próprios interesses ou a de seus antigos líderes, até mesmo Jesus Cristo, que é a grande base das religiões cristãs,tem, tanto em sua história quanto em seus ensinamentos, profundas semelhanças com Krishna, da mitologia hindu, e Hórus, da mitologia egícia. O diabo, então, esse encorporou diversos arquétipos e conceitos de antigos deuses, com o objetivo de transformá-los em demônios e derrubar o culto a eles. Mas não se trata de mera cópia ou adaptação, ainda que o tenha sido originalmente, e sim de um fenômeno histórico e social. Todas as sociedades tem sua mitologia, e toda religião também.
Mito e religião andam sempre de mãos dadas e muitas vezes são inseparáveis, o que para o seguidor de uma religião é fato incontestável, questão de fé, para os outros é mito. Claro, nem todos os mitos são religosos, embora a maioria o sejam, mas toda religião tem seus mitos, negar isso seria uma ignorãncia.
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS MITOS

Os mitos são, geralmente, histórias baseadas em tradições e lendas feitas para explicar o universo, a criação do mundo, fenômenos naturais e qualquer outra coisa a que a "ciência" não pode ou não pôde, em determinado período histórico, dar uma eplicação plausível; mas nem todos os mitos têm esse propósito explicativo.
Em comum, a maioria dos mitos envolvem uma força ou criatura sobrenatural ou uma divindade, mas alguns são apenas lendas passadas oralmente de geração em geração.

Figuras mitológicas são proeminentes na maioria das religiões e a maior parte das mitologias estão atadas a pelo menos uma religião.

O termo é freqüentemente associado às descrições de religiões fundadas por sociedade antigas como mitologia romana, mitologia grega, mitologia egípcia e mitologia nórdica, que foram quase extintas. No entanto, é importante ter em mente que enquanto alguns vêem os panteões nórdicos e célticos como meras fábulas outros os têm como religião.
Mitos geralmente estão ambientados em uma época antiga, e procuram explicar como o mundo atingiu sua forma atual e como os costumes, instituições e tabus foram estabelecidos.
RELIGIÃO E MITOLOGIA

Este é um tema que causa sempre grande controvérsia, pois quem pratica uma religião a vê como verdade absoluta e nunca como mitologia, mas admite que as outras religões o sejam. Isso é fruto da ignorância e de mentalidades obtusas, pois mitologia é um termo acadêmico e se preocupa com o estudo dos mitos, não com a veracidade dos mesmos. Religião é de ordem pessoal, cada um tem suas próprias crenças, mas mitos são universais, e todas as religões os tem. Basta admitir essa simples verdade para se colocar por terra todas as controvérsias no que se diga a respeito de mitologia. Quanto a religião, bastaria admitir que cada um tem a sua própria verdade. Permaneceriam as controvérsias, claro, mas mas eles se limitariam a questões filosóficas, qualquer outra atitude seria intolerância, o que gera discórdia e preconceito.
Alguns usam os termos mito e
mitologia para ilustrar histórias de uma
ou mais religiões como algo falso ou duvidoso.
Enquanto quase todos os dicionários incluem essa definição,
mito nem sempre significa que uma história é falsa,
tampouco verdadeira.
O termo é constantemente
utilizado nesse sentido de descrever religiões criadas pelas sociedades antigas,
cujos ritos estão quase extintos. 

Academicamente, mitologia refere-se a histórias, que, enquanto podem ou não serem factuais, revelam verdades fundamentais e pensamentos sobre a natureza humana, através do freqüente uso de arquétipos, expressando pontos de vista e crenças de um país, um período no tempo, cultura e/ou religião a qual se referem. Entendido este ponto, pode-se perfeitamente falar de mitologia Judaica, mitologia Cristã, mitologia Islâmica, mitologia Afro-brasileira, e assim 
por diante, onde cada um

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TÁRTARO OU TÁRTARUS


e agosto de 2011

TÁRTARO OU TÁRTARUS



O Tártaro - região do submundo para  onde vão 
as almas dos que merecem ser castigados e 
não tem direito a paz eterna. Ali os condenados 
passam por expiações inimagináveis, castigos 
terríveis, dores, trevas e danações.
Na mitologia grega clássica, abaixo de Urano (céu), Gaia (terra) ePontus (mar) encontra-se Tártaro, ou Tártarus (do grego Τάρταρος, lugar profundo).

Trata-se de um lugar sombrio, um poço ou um abismo usado como uma masmorra de tormento e sofrimento e que se localiza no submundo, ou seja, nasprofundezas da terra.

No GórgiasPlatão (c. 400 A.C.) escreveu que almas foram julgadas depois da morte e as que mereciam punição foram enviadas ao Tártaro.

Mas a palavra não se refere somente a um lugar, mas também ao deus que deu origem a ele.
Tártarus, um dos filhos de Khaos, teria 
sido a terceira força a emanar do vazio que 
existiu antesde todas as coisas, portanto, 
é um dos deuses primordiais e existiu 
antes que surgisse a luz e os cosmos.
Tártarus é uma das primeiras criaturas a existir, a emergir do vazio para a existência.

Normalmente aceito como um dos filhos de Khaos, o primeiro de todos os deuses, portanto, da primeira geração dos deuses, o que faz dele um dos deuses primordiais.

Ele existiu antes que surgissem a luz e os Cosmos.

Para o poeta HesíodoTártarus foi a terceira força a emanar do vazio que existiu antes de todas as coisas, logo após o próprio Khaos e Nix, a noite, e imediatamente antes de Gaia, a Terra.

Tártaro, para os gregos antigos, corresponde ao lugar que o cristianismochamaria de inferno.

Para lá vão as almas dos que merecem ser castigados e não tem direito a paz eterna.
Os Campos Elíseos é uma outra região do Hades, para lá são
encaminhadas as almas que merecem a paz e o descanso eterno;
Lá elas praticam esportes, jogos, etc. É a merecida paz 
e felicidade eterna dos justos e bem aventurados.
Na antiguidade mais remota, acreditava-se que o Tártaro ficava ainda mais distante e abaixo do Hades, o mundo dos mortos, governado pelo deus Hades (ou Plutão para os romanos), de cujo nome originou-se também o nome do lugar.

Já numa menos antiga concepção, Tártaro é uma das regiões doHades, que se dividiria em 3 sítios distintos: o Érebus, o Tártaroe os Campos Elíseos.

Érebus seria a primeira região onde chegariam as almas após a morte.

Ali, à beira do Rio Aqueronte, essas almas ficariam esperando pela barca de Caronte, que os faria atravessar para o outro lado do rio, chegando, então, ao Tártaro
Caronte e sua barca

Ali no Tártaroessas almas receberiam seu julgamento, os justos e valorosos eram conduzidos aosCampos Elíseos, onde seriam agraciados com a paz eterna e uma “existência” tranqüila na morte.

Os que não eram dignos de serem conduzidos aos Campos Elíseos, deveriam permanecer no Tártaro, que é o lugar das expiações eternas, castigos terríveis, dor, trevas e danações.

Uma muralha separaria a região do Tártaro dos Campos Elíseos, e nos portões dessa muralha Cérberus [ou Cérbero], um enorme cão de três cabeças, monta guarda para impedir que os condenados tentem fugir do Tártaro e chegar aos Campos Elíseos.


É para o Tártaro que os deuses enviam aqueles que se opõe a eles, os que lhes ofenderam e os que cometeram em vida atrocidades, crimes abomináveis e injustiças.
Cérberus - o cão de três cabeças
No Tártaro encontram-se os Titãs, para ali lançados depois que Zeus e seus aliados os derrotaram, assim como os Hecatônquiros, gigantes que cem braços que foram incubidos de montar guarda no Tártaro parra impedir a fuga dos condenados, embora a verdadeira intenção de Zeus ao enviá-los para lá era mantê-los afastados, pois temia sua força caso viessem a conspirar contra ele, o que de fato acabou por acontecer.

Kronos, pai de Zeus, também foi precipitado ao Tártaro quando seu filho o derrotou.
Íxion, um dos mais célebres "moradores" do Tártaro.
Tifão [ou Tífon] , filho de Tártarus e de Gaia, também se opôs a Zeus e como castigo foi igualmente lançado ao Tártaro.

Até mesmo o deus Apolo, que a julgar pelas lendas parece ser um dos filhos preferidos de Zeus, também já passou um tempo aprisionado no Tártaro, mas seu pai acabou por libertá-lo.

São inúmeras as lendas e os criminosos que fizeram por merecer o castigo eterno no Tártaro, entre estes os mais célebres são: Rei SísifoRei Tantalus;Íxion, O rei dos lápitas; as Danaides, que foram condeadas pelos assassinatos de seus maridos; o gigante Tityos [ou Tício], o Rei Salmoneus.

De Acordo com o filósofo Platão, são 3 os incubidos de julgar e determinar a punição das almas recém chegadas ao TártaroRadamanto, Éaco [ou Aeacus] e Minos.
ÉACO, MINOS E RADAMANTO

Radamanto é responsável por julgar as almas dos asiáticos,Éaco julga os europeus e a Minos cabe julgar as almas dos gregos e de dar a palavra final e decisiva em todos os casos em que haja qualquer discordância entre os outros julgadores.

O TÁRTARO SEGUNDO A CONCEPÇÃO DOS ANTIGOS ROMANOS

Almas aprisonadas no tártaro sendo torturadas por seus crimes.

As mitologias grega e romana ficaram tão intrinsecamente ligadas depois que Roma derrotou e dominou a Grécia, que é praticamente impossível separá-las e determinar qual mito é de origem grega e qual é de origem romana.

Mas é fato aceito que a maioria dessas lendas e mitos são de origem grega, pois embora militarmente sob o domínio de Roma, culturalmente a Grécia superou seu dominador e o suplantou,Roma praticamente perdeu sua identidade e assimilou a cultura grega.
O Tártaro e seu cortejo de alma condenadas

Os mitos e deuses romanos mantiveram seus nomes, mas as lendas e histórias originais praticamente foram esquecidas e quase que inteiramente substituídas pelas lendas e histórias gregas.

Mesclaram-se as duas, porém prevalecendo mais a grega.

A concepção romana do Tártaro, portanto, é a mesma dos gregos, um lugar de expiações e castigos para aqueles que já morreram, mas existem algumas pequenas diferenças no que diz respeito a descrição do lugar.
TISÍFONE
O poeta Virgílio descreve o Tártaro como um lugar gigantesco, rodeado por um rio de chamas chamado Flegetonte e por paredes triplas para impedir que os pecadores possam fugir.

O lugar é guardado por uma hidra de cinqüenta maxilares, que está sempre de vigília a um portão protegido por sólidas colunas de adamantino, uma substância parecida com diamante, só que tão dura que se torna indestrutível.

Dentro, há um castelo com paredes amplas e uma torre de ferro muito alta.

No alto desta torre Tisífone está eternamente montando guarda, sempre armada de um chicote e sem jamais dormir.

Ela é uma das três Fúrias da mitologia romanaTisífone (Castigo), Megera (Rancor) e Alecto (Interminável), que correspondem às Erínias para os gregos.
As 3 Fúrias ou erínias: Tisífone, Megera e Alecto
São as entidades responsáveis pelos castigos e punições, personificações da vingança, assim como a deusa Nêmesis, que punia os deuses, enquanto as Fúrias ou Erínias eram encarregadas de punir os mortais.
Elas nasceram das gotas do sangue que caíram sobre Gaia quando o Urano foi castrado porCronos, mas na versão de Ésquilo, asErínias são filhas de Nyx, a noite

Eram pavorosas, 
possuíam asas de morcego 
cabelo de serpente.

Tisífone 
é a vingadora 
dos assassinatos 
(patricídio, fratricídio, 
homicídio, etc.). 

Ela é a Erínia 
que açoita os culpados 

até enlouquecê-los.

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ANJOS DECAÍDOS


O Tártaro segundo a mitologia cristã.



Para os antigos cristãos, e mesmo nos dias de hoje, tártaro seria simplesmente sinônimo de inferno.

Na realidade, o inferno cristão foi concebido e imaginado a partir da idéia do tártaro concebida pelos gregos e romanos, mas entre a mitologia cristã e as mitologias clássicas da antiguidade, destacam-se algumas diferenças relevantes:

INFERNO
Assim como o inferno foi concebido a partir da idéia do Tártaro, um lugar de sofrimento eterno para onde se encaminham as almas dos pecadores, o paraíso também foi concebido a partir dos Campos Elíseos, mas enquanto para os gregos o Tártaro e osCampos Elíseos eram apenas diferentes regiões do Mundo dos Mortos, a tradição popular cristã localiza o infernotambém nas profundezas da terra, mas o paraíso se localizaria nos céus, e seria a morada de Deus e seus Anjos de luz.
PARAÍSO
Zeus em seu trono no Olimpo
É fácil entender o porque dessa “diferença geográfica”, pois o cristianismoprega o deus único, um deus que representaria a perfeição e as forças do bem.

A idéia que se tem desse Deus porém [segundo a tradição poupular], em parte foi absorvida do idéia que os antigos tinham de Zeus, pelo menos sua aparência, um homem mais velho, de barbas grandes e cabelos grisalhos, mas ainda com o vigor e a força da juventude.  

O Deus cristão em  seu trono nos céus
Zeus morava noOlimpo, na época o ponto mais alto da terra conhecido pelos antigos gregos, juntamente com os outros deuses mais poderosos, conhecidos como osdeuses olimpianos, daí, então a idéia cristã de que a morada de Deusfique nas alturas.

Já Hades era o Deus e o Senhor do mundo dos mortos, para onde se encaminhariam as almas de todos os que morriam, bons ou ruins, apenas a região onde essa alma habitaria seria diferente de acordo com seu próprio merecimento.

Os maus permaneciam no Tártaro, onde suas almas passariam por terrores e castigos horríveis, e os bons eram encaminhados para osCampos Elíseos, onde receberiam a paz eterna.

O diabo cristão
Hades, portanto, enquanto senhor do Mundo dos Mortos, e este localizando-se nas profundezas da terra, pode muito bem ser sincretizado com o Diabo do cristianismo.

Como, então, poderia a imaginação popular dos antigos cristãosconceber que os justos também iriam para as profundezas da terra, se esta seria a morada do demônio e um lugar de expiação?

JARDIM DO EDEN

Muito mais natural acreditar que os “bem-aventurados” fossem recebidos na morada de Deus, ou seja, nas alturas, surgindo assim a idéia de Paraíso [segundo a tradição popoluar, pois o Paraísooriginal seria o Jardim do Eden, que existiu no começo dos tempos e que foi a morada de Adão e Eva].

Na literatura judaica a palavra tártaro é mencionada uma vez somente, no livro de Enoch, em uma passagem que diz que Urielé o carcereiro de 200 anjos que pecaram.

Na lietratura judaica, livro de Enoque, o Arcanjo 
Uriel é o carcereiro dos duzentos anjos que 
pecaram e por isso foram lançados ao Tártaro.


No Novo Testamento o substantivo tártaro não é utilizado nenhuma vez, mas em II Pedro 2: 4 aparece o verbo tartaroo (ταρταρόω), cuja tradução seria lançar para o tártaro, e que é uma forma abreviada do verbo grego clássico kata-tartaroo ("jogar para baixo para o tártaro").

Nas traduções ao redor do mundo, porém, este verbo foi normalmente traduzido como lançar ou jogar ao inferno, quando a tradução correta seria ao tártaro, e não ao inferno.

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A ANTIGA RELIGIÃO NÓRDICA E A CONVERSÃO PARA O CRISTIANISMO


A ANTIGA RELIGIÃO NÓRDICA E A CONVERSÃO PARA O CRISTIANISMO

Como já citado em postagens mais antigas,
o que para nós atualmente é mitologia,
mero conjunto de mitos e lendas,
compreendia na verdade para os povos da antiguidade a sua prática religosa.
A antiga religião nórdica, portanto,
deu origem ao que hoje conhecemos como mitologia nórdica,
e compreende a prática religiosa dos povos antigos que habitavam a parte mais ao norte da Europa antes que essas religiões fossem suprimidas pelo cristianismo.

Esses povos são os que habitavam a região da Europa setentrional e do Atlântico Norte,
que consiste na Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega e Suécia,
e seus territórios associados, que incluem as Ilhas Faroé, Gronelândia, Svalbard e Aland.

Era nessa região que existiram também as antigas Germânia (da qual se originou a Alemanha) e Ecandinávia.
Aliás, "Escandinávia" é por vezes utilizado como sinônimo para os países nórdicos, embora dentro desses países os termos sejam considerados distintos.O povo mais caracterítico Dessa época e região são os antigos vikings, cuja organização social, política e religiosa apresentava similaridades com a de outros antigos povos europeus, como osceltas e osbálticos, sendo que os celtas eram um conjunto de povos organizados em múltiplas tribos e pertencentes à família linguística indo-européia que se espalhou pela maior parte do oeste da Europa; e os bálticos, também conhecidos como baltos, são os descendentes de um grupo de tribos indo-européias que colonizou a região entre o baixo Vístula, o alto Duina Ocidental e o rio Dnieper no litoral sudeste do mar Báltico.
BLÓT era a cerimônia religiosa dos
antigos povos nórdicos, geralmente
praticada em bosques sagrados.
A forma de adoração praticada pelos germânicos antigos e pelos povos escandinavos chamava-seBlót, e se assemelhava muito com a forma que os celtas e os bálticos praticavam também suas religiões.

Blót é uma palavra derivada do verbo blóta [do antigo idioma anglo-saxônico que deu origem a língua inglesa], que significava "venerar com sacrifício", ou "fortalecer".

O sacrifício costumava consistir de animais, em especial porcos e cavalos. A carne era cozida em grandes poços cheios de pedras aquecidas, tanto dentro como fora das residências.

Acreditava-se que o sangue continha poderes especiais, e era borrifado nas estátuas dos deuses, nas paredes e nos próprios participantes da cerimônia.

O momento em que as pessoas se reuniam em torno dos caldeirões fumegantes, para fazer uma refeição juntamente com os deuses ou com os elfos era sagrado.

A bebida que era passada em torno da mesa, de participante para participante, também era abençoada e sagrada; quase sempre era cerveja ou hidromel, porém entre a nobreza podia ser vinho importado. 
As tribos germânicas raramente ou quase nunca tinham templos construídos para a prática de sua religiosidade, as cerimônias normalmente aconteciam em bosques considerados sagrados, mas podiam também ocorrer em casas e/ou em altares simples de pedras empilhadas conhecidas comohorgr.

Embora o uso de templos não fosse muito comum, em alguns lugares parecia haver uma maior concentração para a prática religiosa, tais como Skiringsal, Lejre e Uppsala. 
TEMPLO DE UPSALA
Há indícios que emUppsala existiu um templo com três estátuas de madeira de Thor, de Odin e de Freyr. Parte do templo, onde provavelmente ocorriam as cerimônias e sacrifícios, era descoberto.

Apesar de parecer que um certo tipo do sacerdócio possa ter existido, nunca houve um caráter profissional e semi-hereditário como o arquétipo do druida céltico. Isto ocorre porque a tradição xamanista foi mantida pelas mulheres, as Völvas, mas é geralmente aceito que os reinados germânicos evoluíram a apartir de seus sacerdotes, ou seja o lider espiritual era também o lider político, de forma que o papel de sacerdote cabia aos reis e aos chefes de clãs, que eram grupos formados por diversas famílias com um lider em comum. 
ALTAR CERIMONIAL NO TEMPLO DE UPPSALA
Eram esses chefes de clã que administravam os sacrifícios, e no exercício dessa função recebiam o título de godi.

Já para os celtas, como citado acima, o sacerdócio era uma função especifica, e quem o praticava eram os druidas, portanto, druida era o sacerdote celta da antiguidade.

Há também indícios, não muito confiáveis, da prática de sacrifício humano.
O único testemunho ocular do sacrifício humano germânico sobreviveu no conto de Ibn Fadlan sobre um enterro do navio de Rus, onde uma escrava menina se ofereceu para acompanhar seu senhor ao mundo seguinte.

Testemunhos mais indiretos são dados por Tacitus, Saxo Grammaticus e Adan de Bremen.
O Heimskringla descreve que o rei sueco Aun sacrificou nove de seus filhos em um esforço para prolongar sua vida até que foi impedido de matar seu último filho, Egil. 
Há Indícios, não muito confiáveis,
da prática de sacrifício humano.

De acordo com Adam de Bremem, os reis suecos sacrificavam escravos do sexo masculino a cada nono ano durante os sacrifícios de Yule no Templo em Upsalla.

Yule é uma cerimônia, ou Sabat, que acontecia anualmente por volta do dia 21 de dezembo, em observância do renascimento do Deus Sol. Não é por acaso, portanto, que o Yule cai no Solstício de Inverno, a noite mais longa do ano. Após o Solstício, o dia cresce mais e o sol a cada dia permanece à vista por um período maior, até a chegada do o Solstício de Verão, em junho, significando o crescimento do Deus Sol depois de Seu renascimento.
Alguns elementos das tradições do Yule foram preservados, como a tradição sueca de matar um porco durante o Natal, que era originalmente parte do sacrifício a Frey. Esse costume não só se preservou como se espalhou pelo mundo, vindo daí a tradição do pernil de natal tão comum nas mesas natalinas em vários países do mundo.
ODIN - PRINCIPAL DEUS DA MITOLOGIA NÓRDICA
Nos tempos modernos o Yule ainda é comemorado por algumas religiões neopaganistas, como por exemplo a wicca, e é um dos oito feriados solares ou Sabbats do Neopaganismo. equivalendo mais ou menos ao natal cristão e com muitas tradições similares.

No Neopaganismo moderno, o Yule é celebrado no Solstício de Inverno, por volta de dia 21 de Dezembro no hemisfério Norte e por volta do dia 21 de Junho no hemisfério Sul.

Os suecos tinham o direito de eleger e depôr os próprios reis, e tanto o rei Domalde como o rei Olof Trätälja são conhecidos por terem sido sacrificados após anos de inanição.

Odin foi associado com a morte por enforcamento, e uma prática possível do sacrifício a Odin por estrangulamento tem alguma sustentação arqueológica na existência de corpos preservados perfeitamente pelo ácido das turfas em Jutland. 
O Homem de Tollund é o cadáver de um homem naturalmente
mumificado descoberto na Dinamarca em 6 de maio de 1850.
Estima-se que viveu no século IV a.C.,
foi enforcado, provavelmente como uma forma de um sacrifício,
e jogado no pântano,
tendo o seu corpo preservado devido à camada musgos,
ausência de oxigênio e ação de compostos antimicrobianos.

Devido às técnicas limitadas de preservação de material
orgânico na época da descoberta do corpo, apenas a cabeça foi
conservada, enquanto o restante do corpo deteriorou-se.
Em 1987 uma réplica foi construída,
estando atualmente exposta,
juntamente com a cabeça original,
no Museu de Silkeborg, na Dinamarca.
Um exemplo é Homem de Tollund.

Entretanto, não há nenhum testemunho escrito que interprete explicitamente a causa destes estrangulamentos, que poderiam, obviamente, ter outras explicações, como por exemplo punição ou pena de morte por algum crime cometido.

A falta de confiabilidade nessas informações e no próprio estudo da mitologia nórdica é que, frequentemente, os testemunhos mais próximos que existem das épocas mais remotas foram escritos por cristãos como por exemplo o Younger Edda e o Heimskringla, que foram escritos por Snorri Sturluson no Século XIII, após quase duas centenas de anos depois que a Islândia se tornou cristã, em torno do ano 1000, em um momento histórico sob um intenso clima político anti-pagão na Escandinávia. Toda a literatura ou registro a respeito, portanto, pode ser tendenciosa ou proprositadamente favorável ao cristianismo, como por exemplo a acusação da prática de sacrifício humano por parte das antigas religiões, que a partir do evento do cristianismo passaram a ser consideradas " religiões pagãs".

Virtualmente, toda a literatura sobre as sagas vikings se originou na Islândia, uma ilha relativamente pequena e remota.

Mesmo contando com o clima de tolerância religiosa que ainda permanecia naquela época nesta região, Sturluson foi guiado por um ponto de vista essencialmente cristão.

O Heimskringla, cujas cópias são tão difundidas na Noruega atual quanto a Bíblia, fornece algumas introspecções interessantes nesta direção.

Snorri Sturluson introduz Odin como um lorde guerreiro mortal da Ásia que adquire poderes mágicos, se estabelece na Suécia, e se torna um semi-deus após sua morte. 
OLAF HAROLDSSON
Apesar de ser de origem viking, converteu-se ao dristianinsmo em
troca de apoio da igreja para ocupar o trono da Noruega,
governando o pais primeiro uteraninamente desde 1013 e depois
coroado como  Rei Olaff II a partir de 1015, permanecendo no
trono até 1028, quando foi deposto numa guerra civil,
após o que ficou conhecido como a Batalha de Nesjar.
Percebendo que a Igreja proporcionava uma excelente máquina de
dominação popular, completou a conversão da Noruega impondo
a fé cristã pelo uso da violência e contruindo uma série de
igrejas em todo o país.
Apesar de muito impopular entre o povo, lhe foi atriuído milagres
após sua morte, sendo cnonizado pela igreja como Santo Olavo.
Ao remover a divindade de Odin, Sturluson fornece então a história de um pacto do rei sueco Aun com o Odin para prolongar sua vida, sacrificando seus filhos.

Mais tarde, no Heimskringla, Sturluson apresenta em detalhes como o Santo Olaf Haroldsson converteu brutalmente os escandinavos ao cristianismo.

Durante a cristianização da Noruega, o rei Olaf Trygvasson mantinha as völvas (mulheres xamãs) amarradas em pequenas rochas à mercê da maré. Uma terrível e longa espera pela morte, condenadas a isso por conta de sua prática religiosa, consideradas como uma espécie de bruxas.

Na Islândia, tentando evitar a guerra civil, o parlamento votou a favor da cristianização, mas tolerou a prática de cultos pagãos na privacidade dos lares. Essa atmosfera mais tolerante permitiu o desenvolvimento da literatura acerca das sagas, que foi uma janela vital para auxiliar a compreender a era pagã.

Por outro lado, a Suécia teve uma série de guerras civis durante o século XI, que terminou com a queima do templo em Uppsala.

A conversão não aconteceu rapidamente, independente se a nova fé cristã fosse mais ou menos imposta pela força.

O clérigo trabalhou fortemente no sentindo de ensinar à população que os deuses nórdicos eram apenas demônios, mas seu sucesso era limitado e os deuses nunca se tornaram realmente malignos na mente popular.

Dois achados arqueológicos extremamente isolados podem ilustrar quanto tempo a cristianização levou para atingir toda a região:

1º - Os estudos arqueológicos das sepulturas na ilha sueca de Lovön mostraram que a cristianização levou entre 150 a 200 anos. 

2º - Do mesmo modo, na cidade comercial de Bergen, duas inscrições rúnicas do século XIII foram encontradas.
A primeira diz "pode Thor o receber, pode Odin possui-lo".
A segunda inscrição é um galdra que diz "eu entalhei runas de cura, eu entalhei runas de salvação, uma vez contra os elfos, duas vezes contra os trolls, três vezes contra os thurs.
Essa segunda inscrição menciona também a perigosavalquiria Skögul.

Apesar de haver poucos testemunhos do século XIV até o século XVIII, o clérigo, tal como Olaus Magnus, no ano de 1555, escreveu sobre as dificuldades de extinguir a opinião antiga sobre os deuses antigos. 
Hagbard e Signy, cuja trágica história de
amor ficou eternizada numa  secular e tradicional
canção popular. Ambos morrem quando o Rei Sigar,
pai de Signy, que não admitia o enlace entre
os dois, manda executar Hagbard.
O Þrymskviða parece ter sido uma das raras canções que resistiram ao tempo. Outra é a canção que narra a história romântica de Hagbard e Signy.
As versões conhecidas de ambas foram registradas nos séculos XVII e XIX.

No século XIX e no início do século XX, os folcloristas suecos documentaram o que o povo comum acreditava, e o que eles deduziram era que muitas tradições dos deuses da mitologia nórdica haviam sobrevivido. Entretanto, as tradições estavam muito longe do sistema coeso desenvolvido por Snorri.

A maioria dos deuses tinham sido esquecidos e somente o caçador Odin e a figura de matador de gigantes de Thor aparecia em numerosas lendas.

Freya era mencionado algumas vezes e Balder sobrevivia somente nas lendas sobre nomes de lugares.

Outros elementos da mitologia nórdica sobreviveram sem ser percebido como tal, em especial as lendas a respeito dos seres sobrenaturais no folclore escandinavo.


Desde que o inferno cristão se assemelhou ao domicílio dos mortos da mitológia nórdica, um dos nomes foi aproveitado da fé antiga: Helvite, ou seja, punição deHel, que na mitologia nórdica é a deusa que governa o mundo dos mortos, que a partir do ponto de vista cristão passou  ser visto como inferno.
A DEUSA HEL
Senhora do Mundo dos Mortos

Outra reminiscência dos tempos antigos reside nos nomes dos dias da semana que foram nomeados em referência a um deus ou criatura mítica da antiguidade, levando-se em conta, claro, que estas palavras do alemão e inglês modernos se derivam de palavras do antigo idioma anglo-saxônico.
Vale lembrar também que na mitologia nórdica Sol e Lua eram também os nomes dos deuses que regiam estes astros.

Temos portanto:

Dia do Sol [Domingo]: Sonntag, em alemão e Sunday em inglês [que traduzido literalmente ao pé da letra significa dia do sol]

Dia da Lua [segunda-feira]: Montag, em alemão e Monday em inglês

Dia de Tyr [Terça-feira]: Dienstag, em alemão e  Tuesday em inglês ,

Dia de Odin (Woden ou Wotan) [Quarta-feira]: Mittwoch, em alemão e Wednesday em inglês

Dia do trovão ou dia de Thor (Deus do Trovão) [Quinta-feira]: Donnerstag, em alemão e  Thursday em inglês

Dia de Freyja [Sexta-feira]: Freitag, em alemão e  Friday em inglês

Sabá (alemão), dia de Saturno (inglês) [Sábado]: Samstag, em alemão e  Saturday em inglês

http://mito-logika.blogspot.com.br/2012/02/antiga-religiao-nordica-e-conversao.html